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quinta-feira, 26 de abril de 2012

A Senhora de Shkodër-Genezzano

Nossa Senhora do Bom Conselho

Comemoração litúrgica: 26 de abril.



por Giulia d'Amore di Ugento


(para ver melhor as imagens, clique nelas)

imagem original
A devoção que comemoramos hoje remonta à Igreja Primitiva, de forma que não temos dados precisos sobre sua origem. Sabemos, contudo, que, entre os anos de 432 e 440, o Papa Xisto III mandou construir uma Igreja dedicada à Nossa Senhora do Bom Conselho na cidade de Genezzano, Itália, ao lado de um convento fundado por Santo Agostinho. Esta cidade havia sido doada à Igreja com o advento dos imperadores cristãos, sucessores do Imperador Constantino, que, convertido, decretara o fim da perseguição aos cristãos e da crucifixão (ano 312). Genezzano iria ser agraciada, cerca de mil anos depois, com um presente milagroso de Nossa Senhora, como veremos a seguir.

A Belíssima Imagem de Nossa Senhora do Bom Conselho, também chamada de Santa Maria de Shkodër, era, desde o século XIII, venerada pelo povo Albanês. No Século XIV, este povo buscava Nela refúgio e proteção contra a invasão dos Turcos e Otomanos que naquela época assolavam seu País. Sem contarem com forte exército, o povo albanês recorria a Santíssima Virgem nesta sua Bela imagem para que desse a eles um defensor. Deus ouviu suas orações e suscitou este defensor na pessoa do Rei Jorge Castriota Skanderbegh (Gjergj Kastrioti Skanderbegh, chamado de o Atleta de Cristo e Defensor da Fé). Homem devotíssimo da Santíssima Virgem, Skanderbegh lutava incansavelmente para defender a Glória da Mãe de Deus e de seu País. Entre uma batalha e outra, Skanderbegh ajoelhava-se junto com seus soldados aos pés da Virgem de Shkodër para lhe consagrarem a vida, rogarem por proteção e valimento nas batalhas. A Santíssima Virgem, por Sua vez, os retribuía com favores, graças e vitórias. 


Após 23 anos de lutas em favor de seu País e de sua Senhora, Skanderbegh veio a falecer. Mas antes, pressentindo que sua morte estava próxima e temendo que o Belíssimo Quadro da Virgem do Bom Conselho e seu Santuário, os quais tanto amava, fossem profanados pelos exércitos inimigos, pediu a dois de seus soldados chamados Georgis e De Sclavis, que estivessem sempre aos pés da Santíssima Virgem e que a guardassem.


Gjergj Kastrioti Skanderbegh

Após a morte de Skanderbegh, lamentavelmente, o povo sofreu a influência do cisma bizantino e oscilou entre a adesão e a rejeição à Santa Fé. Assim, a Albânia pagou as consequências de sua prolongada inconstância e tibieza. Os exércitos Turcos, vendo-se livres do “fulminante leão de guerra”, investiram contra a Albânia e a ocuparam quase que totalmente. Somente Shkodër, uma cidadezinha pequena ao norte do País, ainda não havia sido conquistada porque contava com ainda com “proteção”. E isso havia sido falado pelo próprio Skanderbegh antes da sua morte. Mas sua caída era só questão de tempo. Começou, então, para aqueles que não queriam perder a sua Fé e tradições o êxodo para os países vizinhos, onde pudessem manter a Fé Católica.


Georgis e De Sclavis
Entre eles estavam Georgis e De Sclavis, os quais também pensaram emigrar, mas algo os reteve ainda em Shkodër. Era uma igreja pequena onde se venerava uma imagem de Nossa Senhora, descida misteriosa do Céu havia duzentos anos. Pelas Graças que concedeu, Seu Santuário havia se transformado no centro principal de peregrinação da Albânia. Mas a devoção à imagem veio diminuindo, e a verdadeira Fé também (Sem isto não se compreende a catástrofe do povo albanês). De acordo com uma lamentação de um cronista da época: “...os moços e as moças já não têm gosto em florescer o altar de Maria em Shkodër”, e o Santuário pareceu destinado agora a uma destruição inevitável. Esta era a grande aflição de Giorgio e de Sclavis: deixar a Pátria no infortúnio, abandonando com ela aquele Dom Celestial, o grande tesouro da Albânia. Com lágrimas, foram um dia ao velho Templo rogar a Santíssima Virgem em meio a grande dor, que Ela lhes desse o BOM CONSELHO que necessitavam, pois lhes parecia que deviam preservá-la da fúria muçulmana e, ao mesmo tempo, buscar o exílio para segurança de suas próprias vidas. Logo veio o Bom Conselho da Senhora a Georgis e De Sclavis. Ambos tiveram um sonho: A Santíssima Virgem lhes aparece e lhes ordena de segui-La em uma grande Viagem. 

Dias depois, estando ajoelhados em oração diante de seu afresco, eis que o Belíssimo quadro da Senhora de Shkodër desprende-se de seu lugar e flutuando retira-se de sua Igreja. Os dois seguem-na atônitos e confiantes, pois a Senhora já os havia exortado. Verificam, então, estupefatos e eufóricos, que sob seus pés as águas se transformam em sólidos diamantes, voltando ao estado líquido após sua passagem. Que milagre! Tal como São Pedro sobre o lago de Genesaré, estes dois homens caminham sobre o Mar Adriático, guiados pela própria “Estrela do Mar”. Caminharam por vários dias sem comerem, beberem ou sequer se cansarem. Tinham os olhos fixos na Senhora e A seguiam pelo mar. Eis então, que percebem ter chegado a algum lugar... Era outro País. Língua estranha e a Senhora... Onde estava? Perderam a Senhora de vista, e isso os assolou de grande dor... Passaram então a procurá-la, mas sequer sabiam falar o idioma daquela nação. Estavam na Itália, nas proximidades de Roma. 

Petruccia Nora
Em paralelo a este acontecimento, vivia em Genazzano Petruccia Nora, viúva desde 1436 e sem filhos. Mulher muitíssimo devota da Santíssima Virgem Maria, dedicava sua vida totalmente a Deus e já contava com oitenta anos. Esta piedosa senhora recebeu do Espírito Santo a seguinte revelação: “Maria Santíssima, em sua imagem de Shkodër, deseja sair da Albânia”. Muito surpresa com essa comunicação sobrenatural, Petruccia assombrou-se mais ainda ao receber da própria Santíssima Virgem uma ordem expressa de edificar o templo que deveria acolher o seu Afresco, bem como a promessa de ser socorrida em tempo oportuno. Começou então a idosa e virtuosa viúva a construir a Igreja. Vendera todos seus bens e usou de tudo que tinha para poder atender ao pedido da Mãe de Deus, mas mesmo assim, o dinheiro não foi suficiente para edificar mais que uma parede de um metro de altura. Foi tudo o que conseguira. 

Enquanto isso, o povo de Genazzano negava-lhe ajuda. Chamavam-na de louca, visionária, imprudente e antiquada. Cotidianamente usavam contra ela aqueles versículos bíblicos: “Pois qual de vós querendo edificar uma torre, não assenta primeiro a fazer as contas dos gastos, para ver se tem com que a acabar? Para que não aconteça que, depois de haver posto os alicerces, e não podendo terminar, todos os que a virem comecem a escarnecer dele dizendo: este homem começou a edificar e não pode acabar” (Lc. 14, 28-30). Petruccia vivia na solidão. Sem ajuda, sem amigos. Assim como Noé, obedecia a Deus mesmo em meio às zombarias, dificuldades e nenhuma ajuda.

No dia 25 de abril de 1467, Festa de São Marcos, que é padroeiro da cidade de Genazzano, Petruccia dirigiu-se à “igreja” para rezar. Era dia de feira. Quatro horas da tarde. O povo de Genazzano estava em meio ao barulho e bulício quando, de repente, ouvem uma celestial melodia e param para verem de onde vem. Vinha de uma nuvenzinha branca que descia do Céu. Todos, atônitos, pararam e seguiram a nuvem para verificarem o que ocorria. Estupefatos, observaram desfazer-se a nuvem e aparecer a imagem da Senhora do Bom Conselho, da espessura de uma casca de ovo, descendo trazida por Anjos para à única parede inacabada que Petruccia conseguira construir e ali manter-se flutuando em meio a melodias angelicais, badalar de sinos e espanto dos moradores. Descia do céu a Senhora de Shkodër, a SENHORA DO BOM CONSELHO para a igreja de Petruccia. Quanta alegria e consolo para Petruccia que vê finalmente realizada a promessa da Mãe de Deus. Os sinos, por si sós, passaram a badalar consecutivamente, causando estupefação pública, causando a conversão de muito pagãos em Genezzano. Surpresos, perguntavam uns aos outros sobre a origem da estampa, quais os desígnios de Deus acerca de tão grandioso mistério. A partir deste acontecimento, os padres agostinianos começaram a divulgar o culto a Nossa Senhora do Bom Conselho, e não tardou que inúmeros fiéis de toda a Itália e países circunvizinhos viessem em peregrinação para reverenciar Nossa Senhora. 

A pintura foi colocada no santuário, com uma moldura de ouro adornada com belas pedras preciosas. Mais tarde, duas coroas de ouro enviadas por Roma foram colocadas sobre a cabeça da Mãe e da Criança.

Dias depois, os valentes Georgis e De Sclavis, que percorriam a Itália em busca de Sua Senhora, tomaram conhecimento do Milagre que havia ocorrido na cidade de Genazzano. Imaginaram então, que este podia ser o Afresco da Senhora. Foram, então, sem titubear, para Genazzano, onde, radiantes de alegria, puderam confirmar que o quadro que se mantinha flutuando diante da parede daquela igreja inacabada era o mesmo que eles vieram acompanhando pelo Mar Adriático e que agora finalmente encontraram. Estes, então, passaram suas vidas servindo e amando a Senhora do Bom Conselho, na cidade de Genazzano.

Estava confirmado o superior desígnio da construção iniciada. Teve início, assim, em Genazzano um longo e ininterrupto desfilar de milagres e graças que Nossa Senhora ali dispensa.

O Papa Paulo II (Pontificado 1464 a 1471), tão logo soube do que havia sucedido, enviou dois prelados de confiança para averiguar o que se passara. Estes constataram a veracidade do que se dizia e testemunharam, diariamente, inúmeras curas, conversões e prodígios realizados pela Mãe do Bom Conselho. Nos primeiros 110 dias após a chegada de Nossa Senhora, registraram-se 161 milagres.

O povo, então, diante disto resolveu ajudar, e hoje o Belíssimo Santuário encontra-se construído e até os dias de hoje a Imagem se mantém FLUTUANDO na parede construída por Petruccia, como se estivesse sendo segurada por mãos de Anjos.

Petruccia morreu poucos anos depois do Milagre tendo então cumprido com fidelidade a ordem que a Virgem lhe dera. Deixou a este mundo um grande exemplo de Santidade e Confiança em Deus mesmo diante de todas as dificuldades e perseguições.

Ainda hoje os católicos albanês têm esperança e rezam para que a Virgem do Bom Conselho, a Senhora de Shkodër, volte para seu País e salve nele o Catolicismo.

Por causa da grande reputação da imagem, o Papa Urbano VIII fez uma peregrinação para vê-la, em 1630, invocando a proteção da Rainha Celeste. O mesmo fez Pio IX em 1864. Em 1682, o Papa Inocêncio XI fez a coroação solene da imagem. Em 1753, o Papa Bento XIV constituiu a Pia União da Virgem do Bom Conselho. 

Genezzano
Altar onde está a imagem milagrosa
Mais que todos, o Papa Leão XIII, membro também da Pia União, foi um grande devoto. O pequeno escapulário da Virgem do Bom Conselho (o Escapulário Branco: vide abaixo) foi presenteado pelos eremitas de Santo Agostinho ao Papa Leão XIII que, em dezembro de 1893, o aprovou e concedeu-lhe indulgência. Em 22 de abril de 1903 incluiu a invocação Mater Boni Consilii na Litania de Loreto (Ladainha Lauretana ou de Nossa Senhora). Além disso, mandou construir um altar em seu oratório privado, pessoalmente visitou o santuário, instituiu a Pia União, do qual se fez membro, redigiu poesias e agraciou a igreja de Nossa Senhora do Bom Conselho com o título de “Basílica Menor”.

Em 1939, Papa Pio XII pôs o seu pontificado sob a proteção da Virgem do Bom Conselho e compôs uma oração para Ela. A ordem agostiniana contribuiu grandemente para a difusão desta devoção internacionalmente, inclusive no Brasil.

No dia 25 de abril de 1993, 526 anos após a imagem ter sido levada por anjos de Shkodër para Genezzano, o Papa João Paulo II, em uma viagem apostólica à região, doou uma reprodução da imagem original, que foi entronizada, marcando definitivamente a reconciliação do governo e da nação albanesa com a Igreja de Cristo. A partir daquele ano, o Vaticano financiou as obras de reconstrução do Santuário, depreciado por consequência da perseguição do regime comunista.


Beato Stefano Bellesini

Falando sobre a Senhora do Bom Conselho, podemos destacar também o Milagre chamado do Beato Stefano Bellesini, que dedicou grande parte de sua vida em propagar ao mundo a devoção da Senhora do Bom Conselho, tornando-a conhecida e amada por todos.

Nasceu em Trento, em 25 de novembro de 1774. Aos 18 anos toma o hábito agostiniano no convento de S. Marcos. Muda-se, então, para Bolonha para estudar filosofia e teologia. Obrigado pelas tropas napoleônicas a deixar o Estado Pontifício, volta a Trento, onde, em 1797, é ordenado. Vive no convento de S. Marcos até 1809, quando o convento é fechado. 

De volta à casa paterna, dedica-se à assistência às crianças, abrindo uma escola gratuita em sua própria casa. Continua esta atividade, mesmo depois da retomada da cidade pelo governo austríaco, ganhando logo a estima e a confiança do povo e do governo que o nomeia Inspetor Geral das escolas da região de Trento.

Padre Stefano quer, porem, permanecer fiel à sua profissão religiosa e, como não pode fazê-lo em sua cidade, porque o governo não o autoriza a reabrir o convento de S. Marcos, deixa, em 1817 a carreira escolástica e clandestinamente se refugia a Bolonha, no Estado Pontifício, onde neste interim restabeleceu-se a vida religiosa. À autoridade civil de Trento, que insistentemente o convida a retornar, responde que o liame que o mantém unido a Deus através dos votos religiosos e à “amantíssima minha Mãe que é a Religião” é de longe mais vinculante que qualquer outro.

Chamado pelo Superior da Ordem a Roma, se torna por alguns anos o mestre dos noviços. Em 1831, foi nomeado pároco do Santuário de Santa Maria do Bom Conselho, em Genazzano. Celebrava sempre a Missa no altar de Mater Boni Consilii e estimulava em todos os fiéis a devoção a Ela. Aos que viajavam ou viviam longe, distribuía estampas, dava azeite da lamparina do altar; enfim, tudo quanto recordasse a Santa Imagem. Conduzia e consagrava à Virgem todas as crianças que batizava. E queria que todos os paroquianos fossem consagrados à Madonna do Bom Conselho.

Era devotíssimo da Rainha dos Corações e recitava, diariamente, entre outras práticas de piedade, o Rosário com a Ladainha de Nossa Senhora.

Retido no leito por causa da peste que havia contraído ao atender seus paroquianos, enfermidade que o levaria à morte, tentou o prior do convento poupar-lhe a fadiga das orações, mas ele respondeu: “Como quereis que compareça ante o Tribunal de Deus sem ter antes recitado a Coroinha de Nossa Senhora e o Rosário com sua Ladainha?”

Obedientíssimo em vida, e até depois da morte, pediu permissão a seu superior para comparecer ao Juízo de Deus no dia da Purificação de Maria, também festa de Nossa Senhora do Bom Sucesso. O prior do convento não quis consentir que ele falecesse durante as cerimônias litúrgicas deste dia, porque, devido à benção das velas e à grande afluência de público, sua morte ocasionaria inevitavelmente transtornos nas solenidades. Submeteu-se de bom grado o Bem-aventurado Stefano, dizendo: “Terminada a função de Nossa Senhora, começará a minha”.

Ao fim das vésperas, os fiéis entoaram na igreja o último verso do derradeiro cântico - “Maria do Bom Conselho, abençoai-nos assim como vosso Filho” - com o que as cerimônias estavam concluídas. E, efetivamente, às quatro da tarde do dia da Purificação de Nossa Senhora, Stefano, em sua cela, entregava sua bela alma a Deus. Era o dia 2 de fevereiro de 1840. Seus restos repousam no Santuário do Bom Conselho, em Genazzano. Foi proclamado Beato pelo Papa X, em 1904. É o primeiro Pároco elevado às honras dos altares. Sua memória litúrgica recorre no dia 3 de fevereiro.

Durante seu processo de beatificação, exumaram-lhe o cadáver para exame, na presença do Cardeal Pedecini e numeroso clero. O corpo estava íntegro, incorrupto e flexível, como ainda hoje em dia se conserva. Transladaram-no para um novo ataúde que fora mal calculado e era demasiado pequeno. O Cardeal, então, ordenou: “Padre Bellesini, tão obediente como fostes em vida, não poderíeis agora acomodar-vos neste estreito caixão?” À vista de todos os presentes, o corpo se encolheu suficientemente para entrar na urna. Milagre impressionante que nos mostra um exímio seguidor da Rainha dos Céus, d’Aquela que obediente em toda a sua vida, com o fiat, trouxe o Salvador ao mundo.



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O Escapulário da Mãe do Bom Conselho



A pedido de Monges Agostinianos, esse Escapulário foi aprovado e enriquecido com indulgências pelo Papa Leão XIII e oficialmente aceito pela Sagrada Congregação de Ritos de 19 a 21 de dezembro de 1893. O abençoar e o fazer a imposição do Escapulário pertencem primeiramente aos Monges Agostinianos, mas um Superior Geral dessa Ordem comunicou este privilégio também a outros padres. Os dois seguimentos de tecido precisam ser de veludo branco sendo suas tiras conectivas também brancas, mas não obrigatoriamente. A parte que recai sobre o peito deve conter a imagem da Mãe do Bom Conselho (originalmente a imagem bem conhecida da Igreja Agostiniana em Genazzano) com a inscrição: “Mãe do Bom Conselho”. Na outra parte, que recai sobre as costas, deve-se colocar o brasão papal do papa governante (ou pode-se colocar ainda a tiara e as chaves de Pedro) com a inscrição: “Filho, siga seu conselho. Leão XIII”.



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Novenas a Nossa Senhora do Bom Conselho, de 15 a 25 de abril:


1ª. Novena.
2ª. Novena. 


Pesquisa, tradução e organização: Giulia d'Amore di Ugento. 

Onde adquirir ESCAPULÁRIOS

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