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terça-feira, 6 de maio de 2014

Sobre a RCC - Protestantismo na Igreja Católica XVIII

A RENOVAÇÃO CARISMÁTICA CATÓLICA

Pe. Scott Gardner, FSSPX*

Fruto do Concílio Vaticano II, Semente de Destruição.



São José, patrono da Igreja
livrai-A da RCC!
A Raiz do Problema  

Ensinamento Católico sobre os Carismas.

É inegável que às vezes Deus concede graças verdadeiramente sensíveis, até mesmo fenômenos extraordinários a certas pessoas. Os verdadeiros carismas presentes na Igreja Primitiva são um claro exemplo desses fenômenos extraordinários. Uma das maiores gafes dos Carismáticos certamente é querer transformar algo extraordinário em ordinário e até necessário para todos.


As graças que Deus concede ao homem se dividem em várias categorias. Uma dessas categorias é a chamada gratia gratis data (graça concedida livremente) e a outra é a gratia gratum faciens (graça concedida para agradar). A primeira, frequentemente chamada “graça gratuita”, é usada para significar aquelas graças que são conferidas a algumas pessoas em particular para a salvação de outras. A essa classe pertencem aqueles extraordinários dons de graça, como os verdadeiros carismas (profecia, milagres, línguas etc.. conforme I Cor. 12. 8), o poder sacerdotal de Consagração e o poder hierárquico de jurisdição. A possessão desses dons é algo independente da constituição moral do seu possuidor.


Gratia gratum faciens é usada para descrever a graça de santificação pessoal para todos os homens. Ambas as graças; santificante e graça verdadeira, as quais nos preparam para a justificação caem nessa categoria. Essas graças são necessárias para todos, o que já não ocorre com as graças gratuitas. São Tomás de Aquino fala muito bem desta distinção, descrevendo ambas as categorias de graça em sua Summa Teológica, em duas seções separadas do II Capítulo do “Tratado Sobre a Graça” e o “Tratado Sobre Atos Pertinentes Especialmente a Certos Homens”. Os carismas são discutidos mais no final.



É interessante notar que São Tomás de Aquino nunca se refere aos carismas como sendo um fenômeno contemporâneo. Ele fala sobre eles apenas com referência aos tempos Apostólicos. Para uma explicação mais profunda sobre esses fenômenos, aconselho que se leia seus escritos.


Basicamente, os verdadeiros carismas foram dons que capacitaram a Igreja primitiva a se espalhar rapidamente até os confins do mundo até então conhecido e tornar-se bem estabelecida antes da morte dos Apóstolos. Como já foi dito antes e como bem elucidou São Paulo na sua II Epístola aos Coríntios, o propósito dos dons era a edificação da Igreja e não a santificação daqueles a quem eles eram conferidos.


O dom das línguas foi dado para permitir que o Evangelho fosse pregado a todos os ouvintes independente de seus idiomas. Profecia, curas, milagres etc. foram dados para provar a veracidade das pregações da Igreja e para promover conversões. Com a conquista de uma Universalidade Moral pela Igreja, a necessidade de tais fenômenos cessou por várias razões. Primeiramente, por causa da presença de povos de tudo quanto é nacionalidade dentro do Corpo da Igreja e em segundo lugar, por causa do comprovado estabelecimento da Igreja como Verdadeira Religião em um curto espaço de tempo.


O mesmo argumento pode ser feito hoje contra a presença contemporânea dos carismas. Uma vez que a Igreja é agora tanto moralmente quanto fisicamente Universal, abrigando pessoas — mesmo do Clero — de tudo quanto é nação e língua, que necessidade haveria da glossolalia para a evangelização? Uma vez que a Igreja já possui quase dois mil anos de existência comprovada como Verdadeira Religião, que necessidade ela teria dos carismas para provar sua Doutrina? Como declara Santo Agostinho:


“Uma vez que, mesmo agora, quando o Espírito Santo é recebido, ninguém fala nas línguas de todas as nações, é porque a própria Igreja já fala na língua de todas as nações: Já que quem quer que seja que não está dentro da Igreja, não recebeu ainda o Espírito Santo” (Santo Agostinho, Tratado de XXXII sobre João).


Por outro lado São Tomás de Aquino admite a possibilidade de grossa caricatura diabólica dos verdadeiros carismas em questões, sobre as quais o leitor é livre para examinar com atenção:


II-IIæ, Q. 172, A. 5: Se alguma profecia pode vir do demônio (RESPOSTA: SIM).
II-IIæ, Q, 172, A. 6: Se as previsões dos profetas dos demônios podem ser verdadeiras (RESPOSTA: SIM).
II-IIæ, Q. 178, A. 2: Se o Maligno pode operar milagres (RESPOSTA: SIM).


É bem sabido que o Diabo e seus demônios podem produzir prodígios que a princípio parecem milagres para os mais desavisados, como na história do Mago Simão e sua “milagrosa levitação” desbancada por São Paulo; portanto, é extremamente perigoso ir aceitando de cara, qualquer fenômeno extraordinário como sendo de origem divina. O grande místico e doutor da Igreja, São João da Cruz, tão frequentemente citado e tão mal compreendido pelos “gurus” espirituais modernos, tinha o seguinte a dizer, concernente a supostas “revelações pessoais” vindas de Deus e que foram experimentadas por alguns de seus contemporâneos:


“E eu temo muitíssimo pelo que está acontecendo nesses nossos tempos: se qualquer alma, seja lá qual for depois de um pouquinho de meditação, tiver em suas recordações uma dessas locuções, e imediatamente ‘batizá-las’ como vindas de Deus e com tal suposição disser: ‘Deus me disse’, ‘Deus me respondeu’. Ainda que não seja exatamente assim, mas, como já dissemos, essas pessoas são frequentemente os autores de suas próprias locuções”. (São João da Cruz — A Subida do Monte Carmelo).


“Através do desejo de aceitá-las, eles abrem as portas para o demônio. O demônio pode então enganá-los usando outras comunicações espertamente fingidas e disfarçadas como genuínas. Nas palavras do Apóstolo, ele pode transformar-se em ‘anjo de luz’ (II Cor. 11:14)... Independentemente da causa dessas apreensões, é sempre bom para um homem rejeitá-las de olhos fechados. Se ele fracassa em assim fazer, ele acabará por dar espaço para aquelas que têm origem diabólica e dará poder ao demônio para que se aposse de suas próprias comunicações. E não é só isso, as representações diabólicas se multiplicarão enquanto aquelas que vêm de Deus gradualmente cessarão, de forma que dali a pouco todas virão do demônio e nenhuma delas de Deus. Isso tem ocorrido com muitos incautos e não instruídos”. (S. João da Cruz.)


De fato, Nosso Senhor Jesus Cristo adverte a Igreja dos perigos de aceitar de cara supostos milagres: Porque se levantarão falsos cristos e falsos profetas, que farão milagres e prodígios a ponto de seduzir se isto fosse possível até mesmo os escolhidos. (Mt24, 24.)


Mais estarrecedor ainda é sua advertência: “Nem todo aquele que me diz Senhor, Senhor, entrará no Reino dos céus, mas sim aquele que faz a vontade do meu Pai que está nos céus. Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não pregamos nós em vosso nome, e não foi em vosso nome que expulsamos os demônios e fizemos muitos milagres? E, no entanto, eu lhes direi: nunca vos conheci. Retirai-vos de mim, operários maus!” (Mt 7,21-23).



* Autor: Scott Gardner, do Seminário São Tomás de Aquino, Winona, Minnesota — EUA — Publicado pela THE ANGELUS PRESS — Março de 1998.


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