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terça-feira, 5 de novembro de 2013

O mau Pastor. A perda das almas. Desconversões...

Obviamente que lastimo a decisão desta pobre alma, mas a compreendo, tendo em vista ter ficado escandalizada com sua experiência com essa igreja toda paz e amor e tão vazia. Quem procura a Igreja Católica, a Igreja dos grandes Santos, de grandes pecadores que se converteram durante séculos e arrastaram muitos outros, quem A procura espera encontrar outra coisa. Quem está fora e A descobre por algum livro como “Confissões” do Bispo Santo de Hipona, ou “Imitação de Cristo”, ou através de uma das Teresas do Carmelo, ou qualquer outro meio “literário”, por assim dizer, desses privilegiados da palavra que sabiam atingir o coração em cheio e arrastar as almas de volta a Deus, quem A procura por causa do que leu... que decepção não deve experimentar ao ver que nessa igreja nada é assim, tudo é ilusão, uma bolha de sabão.

Este texto o publico para conhecimento e reflexão. É escandaloso que se percam almas assim. Esta é uma entre muitas. Entre quantas?! Só Deus sabe. Mas de cada uma delas terão que prestar conta os lobos. Um bom número há de se salvar por ignorância exculpável, não porque Deus é dez, mas porque Ele é justo. Mas... e as outras?


Vou incluir o nome desse senhor e de sua família em nossas orações, para que Deus lhes permita encontrar o caminho certo de volta à Casa Paterna. A verdadeira.

Vamos ao texto. GdA.


Rezando pelo retorno do articulista à comunhão com a Sé de Pedro, apresentamos a seguir um relato para reflexão sobre os métodos adotados em nossa Igreja nas últimas décadas.

Eu ainda não voltarei à Igreja Católica: O Papa Francisco só confirma minha decisão de deixá-la


Por Rod Dreher – Revista Time, 29 de Setembro de 2013 | Tradução: Marcos Marinho – Fratres in Unum.com: Não é difícil entender porque as pessoas estão tão animadas com o Papa Francisco. Desde a sua entrevista sensacional na semana passada, muito se disse que com sua vivacidade pessoal e determinação em colocar de lado a doutrina, Francisco é o homem que vai trazer muitos católicos perdidos de volta à Igreja.

Talvez. Mas eu sou um ex-católico cuja decisão de deixar a Igreja Católica não será desafiada pelas palavras de Francisco, mas sim confirmada.

Apenas há duas décadas, quando eu comecei o processo de entrada na Igreja Católica Romana como um adulto convertido, eu decidi receber instrução numa paróquia universitária, imaginando que a qualidade do ensinamento ali seria mais rigorosa. Depois de três meses de meditações guiadas e infinitas palestras de Deus é amor, eu caí fora.

Eu concordava que Deus era amor, mas isso não me dizia o que é que Ele queria de mim se eu me tornasse católico. Além disso, eu passara quatro anos pensando na possibilidade de voltar ao Cristianismo da minha infância. Quando eu dei meus primeiros passos de volta à vida de Igreja como adulto, encontrei um bocado de boas pessoas que me ensinaram que Deus é amor, mas que nunca me desafiaram a mudar de vida.

O que precisava mudar? Muitas coisas. Minha própria debilidade era clara para mim, e eu estava pronto a deixar meus pecados destrutivos e a me tornar uma nova pessoa. A única coisa que eu não queria deixar era minha liberdade sexual, que era como meu direito de nascimento como um jovem americano. Eu sabia, porém, que sem doar inteiramente minha vontade a Deus, qualquer conversão seria inútil. A essa altura, eu estava todo cauteloso com minhas desculpas evasivas. Me converter provisoriamente – isto é, desde que a Igreja não me aborrecesse com minha vida sexual – seria realmente conseguir os confortos psicológicos da religião sem porém fazer sacrifícios.

O que eu havia sido ensinado, na verdade, naquela paróquia católica universitária era que Deus me amava simplesmente do jeito que eu era – o que é verdade – mas que eu não precisava fazer mais nada. Ocorreu-me um dia que no final de todo esse processo, todos nós da turma terminaríamos como católicos, mas não teríamos ideia do que a Igreja Católica ensinava. Eu saí correndo, e um ano depois, fui recebido na Igreja em uma outra paróquia.

Se você apenas conhece a Igreja Católica pelos jornais, você vai ficar chocado uma vez que está dentro dela. A imagem do Catolicismo Americano mostrada pela mídia é de uma igreja preocupada com sexo e aborto. Não é, nem de longe, a realidade. Eu era um fiel que frequentava a Missa por 13 anos, e passei por paróquias de cinco cidades em diferentes partes do país. Eu posso contar nos dedos as homilias que ouvi que pregavam sobre aborto ou sexualidade de alguma forma. Antes, as homilias eram completamente terapêuticas, quase sempre alguma variação açucarada de Deus é amor.

Bem, sim, Ele É, mas a simplificação da catequese só chega até aí. A teologia católica clássica reside na paradoxal relação entre o amor e a justiça de Deus. Como Dante mostra na Divina Comédia, o amor de Deus é a justiça de Deus derramada sobre aqueles que O rejeitam. Nos Evangelhos, Jesus oferece compaixão aos pecadores rejeitados por rigoristas religiosos, mas Ele também lhes manda transformar as suas vidas, a “ir em frente e não mais pecar”.

Se eu estava frustrado porque os padres não pregavam o juízo de Deus ao invés de Sua misericórdia? De maneira alguma. Eu estava frustrado porque eles nunca não pregavam o juízo de Deus, quer dizer, eles pregavam Cristo sem a Cruz. Eu conhecia o abismo dos pecados aos quais eu estava me entregando, e me senti mal por tratar a maravilhosa graça de Deus como mera cortesia comum. Como diz a canção de reggae, “Todos querem ir para o Céu, mas ninguém quer morrer”.

Em seu livro recente sobre o Anglicanismo, Nossa Igreja, o filósofo inglês Roger Scruton diz que o maior problema do mundo moderno é a “perda do hábito do arrependimento”. De um modo geral, não me parecia haver nenhum interesse particular da Igreja Católica americana no arrependimento, uma vez que não havia nenhum interesse particular na realidade do pecado. A ideia estereotipada de uma Igreja Católica obcecada com o pecado, uma estufa legalista certamente vinha de algum lugar. Mas para católicos como eu, nascidos no final da década de 1960, essa imagem obtusa e infeliz da Igreja só pode ter vindo do passado.

A era contemporânea do Catolicismo global começou em 1959, quando o recém-eleito Papa João XXIII procurou “abrir as janelas” da velha Igreja mofada ao mundo moderno convocando o Concílio Vaticano II. Três anos depois, em sua mensagem de abertura ao concílio, o Papa carismático e avuncular pediu por “um novo entusiasmo, uma nova alegria e serenidade da mente pela aceitação sem reservas de toda a íntegra Fé Cristã”, sem comprometer a doutrina. Um feroz espírito do século soprou através das janelas recém-abertas, afastando quase tudo em seu caminho. As décadas vindouras veriam um colapso na catequese e na disciplina católicas. O dito “espírito do Vaticano II” – uma depravação do verdadeiro ensinamento do Concílio – justificava muitos ultrajes subsequentes.

Em 2002, quando irromperam os escândalos de abuso sexual por parte de clérigos em todo o país, toda a extensão da podridão dentro da igreja tornou-se manifesta. Toda aquela conversa feliz pós-Vaticano II de não julgar fora uma fachada ocultando o que o então cardeal Joseph Ratzinger – depois Papa Bento XVI – chamaria de “sujeira” dentro da Igreja. Muitos bispos americanos empregaram a inestimável linguagem cristã de amor e perdão em um esforço de cobrir sua própria nudez pútrida em uma capa de graça barata.

Durante aquele período excruciante dez anos atrás, a raiva com que eu e outros jornalistas descobrimos a corrupção da Igreja arrancou a minha capacidade de acreditar no meu catolicismo, como se torturadores arrancassem minhas unhas com alicates. Não eram tanto os crimes que faziam isso mas sim a relutância dos bispos em se arrepender, a o desinteresse do Vaticano em pressioná-los a prestar contas. Se a hierarquia da Igreja não pode assegurar a justiça e a misericórdia às vítimas de seus próprios padres e bispos, eu pensei, será que eles realmente acreditam nas doutrinas que ensinam?

Tudo isso iluminou um pouco a falta de seriedade moral da Igreja americana. Enquanto o escândalo se acentuava, numa Quarta-feira de Cinzas, eu fui à Missa na minha confortável paróquia suburbana e ouvi o padre fazer um sermão descrevendo a Quaresma como um tempo em que nós devíamos todos nos amar mais.

Se eu tivesse que apontar o momento em que eu deixei de ser católico, seria aquele. Eu lutei por mais dois anos para me segurar, pensando que ter os silogismos de meu catecismo sempre em mente me faria continuar firme. Mas foi inútil. A essa altura eu era pai, e não queria criar meus filhos onde o sentimentalismo e a auto-satisfação eram o sentido da vida cristã. Não é seguro criar meus filhos nesta igreja, eu pensei – não porque eles estariam a mercê de predadores, mas sim porque todo o caráter da Igreja americana, tal qual o caráter da sociedade decadente pós-cristã na qual vivemos, não é que nós devemos morrer para poder viver em Cristo, como manda o Novo Testamento, mas que nós devemos aprender a nos amar mais.

Flannery O’Connor, para mim uma católica muito heroica, disse a famosa frase: “Empurre o século tão forte quanto ele te empurre. O que as pessoas não compreendem é o quanto a religião custa. Eles pensam que a Fé um grande cobertor elétrico, quando na verdade é a Cruz.” O Catolicismo americano não estava empurrando o século hostil de maneira nenhuma. Antes, deixou-se empurrar por ele. Deus é amor não era uma declaração que nos libertava de nosso pecado e desespero, mas sim uma frase monótona e entediante que nos permitia crer, e agir como se, nossa luxúria, ganância, malícia e tudo o mais – pecados com os quais eu lutava diariamente – não deveriam ser desprezados e expulsos de nossas vidas, mas cobertos com um rio de mel.

Eu finalmente fali. Perder minha Fé Católica foi a coisa mais dolorosa que já me aconteceu. Hoje, por mais que eu admire o Papa Francisco e entenda o entusiasmo dos católicos por ele, sua entrevista me mostra que o bom trabalho, embora incompleto, de João Paulo II e Bento XVI para restaurar a Igreja após a violência da revolução continua a ser feito. Embora eu concorde com quase tudo que o papa disse semana passada em sua entrevista, e aplauda interiormente quando ele castiga os tontos rigoristas que querem negar a medicina curativa da Igreja a qualquer um, temo que suas palavras misericordiosas não sejam recebidas como amor, mas como pretexto. O “espírito do Papa Francisco” vai substituir o “espírito do Vaticano II” como a desculpa que as pessoas vão usar para ignorar alguns ensinamentos mais difíceis da Fé. Se assim for, esse Papa vai acabar como seu predecessor João XXIII: uma pessoa encantadora, mas trágica.

Em sua entrevista, o Papa usou uma metáfora para a Igreja que é frequentemente usada na Igreja Ortodoxa: ele chamou-a de um “hospital de campo” onde os enfermos ambulantes podem receber tratamento. Ele está certo, mas é importante discernir a natureza da cura oferecida. Anestesia é um tipo de remédio que mascara a dor, mas não é do tipo de remédio que cura as doenças profundas.

Não há, certamente, algo como a igreja perfeita, mas na Ortodoxia, que radicalmente resiste à moral terapêutica deísta que caracteriza tão bem o cristianismo americano, eu encontrei um contrabalanço medicinal para a alma. Em minha paróquia missionária da Igreja Ortodoxa Russa, neste último Domingo, o padre pregou sobre amor, alegria, arrependimento e perdão – em todas as suas dimensões. Dirigindo-se aos pais da congregação, ele nos exortou a ser misericordiosos, gentis, e clementes com nossos filhos. Mas ele também alarmou contra o pensamento de que amar é dar a nossos filhos o que eles querem, o oposto do que precisam.

Dar a eles o que eles querem pode ser mais fácil para nós”, ele disse, “mas nós devemos amar nossos filhos o bastante para ensiná-los as lições difíceis, e compeli-los no caminho do bem.”

Isso é verdade. E eu estimo este pastor porque ele ama seu povo o bastante para nos ensinar as lições difíceis, e a nos compelir a deixar a mediocridade no passado, e voltar-nos para o bem. Os padres católicos que tem a mesma mente e orientação de meu pastor Ortodoxo – e eu conheço muitos – me disseram que o Santo Padre, ao assinalar ao seu rebanho americano que Deus é amor, e que o resto não importa, só fez a missão deles ainda mais difícil. Mas isso já não é mais problema meu.

Rod Dreher é editor sênior no The American Conservative, e é autor de The Little Way of Ruthie Leming. As visões aqui expressas são somente dele.

Lido em: http://fratresinunum.com/2013/10/01/eu-ainda-nao-voltarei-a-igreja-catolica

Grifos nossos. Não revisado pelo blog.

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