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quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Das falsas "santidades"...

Encontrei na Web, e achei interessante para reflexão acerca de certas "santidades" com que nos deparamos por aí. Se lhe vier à lembrança alguém em particular, não terá sido mera coincidência. Mas deixemos um Santo explicar melhor:


Desmascarando falsos sinais de santidade e revelações divinas


No artigo anterior, fiz referência ao episódio em que S. João da Cruz desmascara uma religiosa que apresentava sinais de santidade e a todos fazia crer da veracidade das suas virtudes. Pensei, então, ser conveniente transcrever o episódio inteiro, para que os amigos notem o quanto podem ser sutis estas enganações. Uma mentira facilmente descoberta seria obra de um sujeito inexperiente na arte do engano. Não é o caso do demônio. Isto significa que, quem quer que olhe para essas coisas com olhos benevolentes demais, privando-se de considerar tudo com objetividade e sólidos critérios, terminará por ser enganado. Escrevo pensando nos que facilmente crêem em revelações particulares e não exigem delas nada além de "sentirem-se" bem e de "confirmações pessoais". Estranha inteligência a do demônio se, pretendendo enganar e conseguir adeptos de suas mentiras, ele provocasse, ao invés, um claro mal estar.

Notem, ainda, que, comparados ao engodo que vai abaixo, certos movimentos fantasiosos de hoje se mostram muito mal orquestrados. Quaisquer semelhanças, além disto, com as "revelações" do Salvai Almas [cuidado com esta seita!!! NdR] não é mera coincidência. Boa leitura.

***

Censura e parecer sobre o Espírito e o modo de proceder na oração de uma carmelita descalça - Provavelmente em Segóvia entre os anos 1588-1589. Chegou até nós, através do seguinte testemunho:

Foto meramente ilustrativa
Esta é a atriz Whoopi Goldberg
no filme Sister Act (Mudança de Hábito)
"... A uma religiosa dada à oração, sem base de humildade e animada de desejos curiosos de penetrar grandes segredos do espírito, saiu-lhe o demônio ao encalço simulando efeitos de bom espírito, tanto de suaves sentimentos como de revelações, e isso pelo caminho da fraude, com que costuma ter êxito entre os pouco humildes e nada discretos. E tão cauteloso andava ele em encobrir o deletério embuste que, falando essa religiosa acerca de seu espírito de oração com vários letrados de diferentes ordens, todos o tiveram por bom. Contudo, o venerável Pe. Fr. Nicolau de Jesus Maria... então prelado superior de todos os descalços..., não acabava de assegurar-se do caminho dessa religiosa...; para examiná-lo com mais cuidado, ordenou-lhe que escrevesse sobre a sua oração e os efeitos que produzia. Entregou depois esse papel ao Pai Fr. João da Cruz que, na ocasião, era primeiro definidor da Ordem, pela grande segurança que seu espírito lhe inspirava e por sabê-lo muito esclarecido por Deus em coisas deste gênero; pediu-lhe, então, que lesse atentamente aquela relação e colocasse no rodapé da folha o seu parecer. Lendo nosso venerável Pai o escrito, percebeu logo de que foco procedia aquela luz e deu sua opinião com palavras tão proveitosas e substanciais que bem revelam quão esclarecido estava por Deus para discernir entre a verdadeira e a falsa luz.
E pela luz que tais palavras podem comunicar aos espirituais, pareceu-me bem referi-las aqui em sua pureza, e são as seguintes:


--

No comportamento afetivo desta alma parece-me haver defeitos que impedem um parecer favorável acerca do espírito que a anima.

O primeiro é que se nota nela muita avidez de propriedade, ao passo que o espírito verdadeiro se caracteriza sempre por grande desnudez no apetite.

O segundo, que tem excessiva segurança e pouco receio de errar interiormente, sendo que o espírito de Deus nunca anda sem ele, para proteger a alma contra o mal, segundo diz o sábio (cf. Pr 15,27).

O terceiro, que parece ter a preocupação de procurar persuadir a todos a que creiam ser muito bom tudo quanto se passa nela, enquanto o verdadeiro espírito procura, ao invés, que todos o tenham em pouco e o depreciem, fazendo ele próprio o mesmo.

O quarto e principal é que, nesta maneira de agir, não se notam efeitos de humildade; ora, quando as mercês são verdadeiras - consoante ela aqui o afirma - ordinariamente nunca se comunicam à alma sem primeiro desfazê-la e aniquilá-la em abatimento interior de humildade. E, caso houvesse experimentado este efeito, ela não teria deixado de anotá-lo aqui, escrevendo algo e até estendendo-se bastante sobre isso; porque a primeira coisa que ocorre à alma expressar e ter em grande apreço são os efeitos de humildade certamente tão notórios que não é possível dissimulá-los. E, ainda que não costumem aparecer tão claramente em todas as apreensões de Deus, nesta que ela aqui denomina união estão sempre presentes: A humilhação precede a glória (Pr 18,12), e Foi bom para mim ser humilhado (Sl 118,71).

O quinto, que o estilo e a linguagem empregados não são próprios do espírito que ela pretende aqui significar,  porquanto o mesmo espírito sugere estilo mais simples, desprovido de afetação e de exageros, segundo notamos neste. E tudo quanto declara ter dito a Deus e Deus a ela, parece disparate.


O que eu aconselharia é que não mandem nem permitam escrever coisa alguma a esse respeito, nem o confessor mostre complacência em ouvi-la; ao contrário, procure dar pouco apreço e atalhar tais confidências; além disso, submetam-na à prova no exercício das virtudes, com todo rigor, principalmente no desprezo, humildade e obediência; e no som produzido pelo toque manifestar-se-á a brandura da alma causada por tantas mercês. E as provas hão de ser boas, porque demônio algum deixará de sofrer algo a troco de manter a sua honra." (QUIROGA, p. 281-284).


S. João da Cruz, Pequenos Tratados Espirituais, Obras Completas, Rio de Janeiro: Vozes, 2002. pp. 128-130.

Fonte: web - artigo de Outubro de 2011.

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