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domingo, 9 de outubro de 2011

A Esposa desperta!

A Bela Adormecida  
de Gnocchi e Palmaro chega a Florença

Fonte: Fides Catholica...


Em 2012 recorrerá o 50º aniversário da abertura do Concílio Ecumênico Vaticano II, Alessandro Gnocchi e Mario Palmaro, dois dos nomes mais conhecidos e lutadores do panorama católico indagam sobre a crise sem precedentes que está atravessando a Igreja contemporânea, revelando a raiz do drama através de uma investigação apaixonante. Da silenciosa apostasia aos problemas morais, a Igreja católica está atravessando uma das crises mais graves de toda a sua história. O que haveria na origem de tal terremoto? Os autores evidenciam uma crise de Fé que se  manifesta em toda a sua força a partir dos anos '60 e que tem seu eixo na complexa estação do Concílio Concilio Vaticano II. Uma análise que causará polêmica, na qual, seguindo estas páginas apaixonadas e prementes, o leitor ascender às fontes do fenômeno até encontrar no banco dos acusados homens e eventos tidos até hoje intocáveis, quase verdadeiro mitos.

Os autores
Alessandro Gnocchi, estudioso das temáticas religiosas na literatura moderna e contemporânea, e Mario Palmaro, filósofo do direito, são dois dos nomes mais conhecidos e mais lutadores do panorama católico. Colaboram com vários jornais, entre os quais «il Foglio», «Libero» e a rivista de apologética «Il Timone». Entre os livros que escreveram juntos: "Cattivi maestri. Inchiesta sui nemici della Verità"; "Cronache da Babele. Viaggio nella crisi della modernità"; "Contro il logorio del laicismo moderno"; "Io speriamo che resto cattolico"; "Giovannino Guareschi: c'era una volta il padre di don Camillo e Peppone"; "Tradizione, il vero volto"; "Rapporto sulla tradizione". Com a editora Vallecchi, sempre na coletânea Avamposti "Viva il Papa!"(2010).

O livro será apresentado em Florença, na Igreja de Todos os Santos, sábado 15 de outubro de 2011, às 18:00. Às 16:30, será rezada a S. Missa em Rito Romano antigo. Para reservar o jantar que seguirá, enviar um e-mail para: ascarus@libero.it.

Análise do livro por Cristina Siccardi
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Ao ler o livro de Alessandro Gnocchi e Mario Palmaro, A Bela adormecida. Porque depois do Vaticano II a Igreja entrou em crise. Porque despertará, editado pela Vallecchi, não se pode não ficar desconcertados e pesarosos ao contatar que a Igreja foi sacudida em seus alicerces até arriscar a profanação de sua sacralidade. Mas a Bela, hoje adormecida, por quem foi insidiada? É ele, o grande inimigo de sempre, vigilante e rugindo, diabólico por essência, Satanás.
O texto explica em maneira linear e fácil de entender a patologia que atingiu a Igreja, fazendo um diagnóstico explicito e pontual. A crise eclesial há décadas que se manifesta, mas todos se calavam e as poucas vozes corajosas eram imediatamente silenciadas, como expoentes de um mundo tradicionalista para perseguir e demolir como algo de perigoso e sectário. Qual justificativa, então, os católicos davam às más chagas da Igreja? «imputava-se a origem de todos os males à não-aplicação do Concilio ou, quanto menos, à diluição de sua carga inovadora: em uma palavra, à traição» (1) e os traidores mais culpados tinha um rosto preciso por causa de sua marca de catolicidade: Monsenhor Marcel Lefebvre, Romano Amerio, padre Cornelio Fabro, dom Divo Barsotti, padre Pio da Pietrelcina…
Todavia, a Verdade é mais forte que a mentira. Gnocchi e Palmaro o demonstram com este compêndio deles que sintetiza, em maneira admirável, às vezes até com tons irônicos, às vezes com acentos graves, o que ocorreu nos últimos tempos: os estudos de grandes personalidades como o teólogo de Santa Romana Igreja, Monsenhor Brunero Gherardini (2), e do professor Roberto de Mattei (3) foram determinantes para romper, finalmente, a calota gélida, uma calota constituída pelo «superdogma» (4) do Concilio Vaticano II, tão compacta e tão dura que parecia infrangível. Mas diante da evidência de uma apostasia generalizada, de uma decadência dos costumes, de uma ignorância religiosa, sobre o abc da doutrina católica, que se tornou irremediavelmente crassa, de uma sede de Fé de crentes insatisfeitos ou, até, angustiados, os porquês e os pontos de interrogação, definitivamente, são não apenas de dever mas dados por certos. As vozes da geração passada que foram escandalosas e por causa das quais cobríamos nossos ouvidos para não ouvi-las foram substituídas providencialmente por aquelas de intelectuais contemporâneos. E, então, como diz dom Massimo Vacchetti: «À vigília dos cinquenta anos da convocação conciliar ocorre superar a estação ideológica que caracterizou seu recebimento, recompor as feridas infligidas nestes anos e devolver ao povo católico aquelas certezas de pensamento e de Fé sobre as quais, somente, é possível caminhar alegres por aquilo que nos espera, agradecidos por aquilo que nos precedeu» (cfr. http://www.libertaepersona.org/dblog/articolo.asp?articolo=2774).


A Igreja, e ninguém pode negá-lo, se secularizou progressivamente, e isto não é, segundo Gnocchi e Palmaro, um problema de interpretação do Concílio Vaticano II, mas um problema intrínseco àqueles documentos que a Assembleia produziu. Afirmou padre Serafino Lanzetta, teólogo dos Franciscanos da Imaculada: «Até pouco tempos atrás, o simples pensamento de poder-se colocar em modo crítico diante do Vaticano II parecia uma cripto-heresia para o manto de silêncio que necessariamente devia reinar, recobrindo-o apenas de louvores […]. O Vaticano II é um problema? Sim, no sentido de que as raízes do estro pós-conciliar não estão apenas no pós-concílio. O
pós-concílio não dá razão de si. Pelo amor à Igreja e pelo futuro da Fé no mundo, precisa examinar a raiz do problema» (5).
 

A se admirar, no cenário intelectual, não são mais os que seguem a chamada Escola de Bolonha, onde se aclama a "benéfica" revolução amadurecida na Igreja graças ao Concilio Vaticano II, mas também a «Baleia Branca eclesial devotada a um conservadorismo enfatuado pelo presente» (6), trata-se de uma leitura neo-centrista segundo a qual as razões da crise da Igreja e, portanto, da Fé, teriam surgido sucessivamente ao Concilio por causa da interpretação revolucionária dos documentos. Portanto, a solução consistiria em separar o Concilio do pós-concílio. Trata-se, em definitivo, de uma posição de compromisso, um escamoteio para enganar, negando a evidência dos fatos. Se escolhe, na prática, a linha do Peppone de Dom Camilo, que, ouvindo as aterradoras narrativas do pároco sobre a Rússia soviética, afirma: «Deixai-nos em paz, prefiro ficar com minha ideia de Rússia, vós ficai com a vossa» (7).
Fenômenos que na Igreja nunca se viram, como a revolta litúrgica ou o ecumenismo, são frutos claro do jacobinismo conciliar. Ambos são devido às exigências protestantizantes: a assembleia, a Palavra e o memorial da ceia no que diz respeito à Missa, excluindo o Santo Sacrifício, enquanto a instância ecumênica nasceu da ação de alguns missionários protestantes do início do Novecentos, os quais promoveram iniciativas de diálogo entre as incontáveis confissões reformadas.
O Vaticano II foi o primeiro Concilio a ser exclusivamente pastoral e não dogmático, desviando a atenção da Fé e de sua ortodoxia, um efeito que reconduz, inevitavelmente, ao clima cultural progressista dos anos Sessenta, quando a ortopráxis tomou o lugar da filosofia autêntica, ou seja, quando nos colocamos questões não mais sobre a existência (Quem chamo? De onde viemos? Para Quem iremos?), mas sobre a contingência vivencial, pessoal e terrena.
Foi assim que muitos, na Igreja, «pensaram que aquele trem, veloz e moderno, não deveria ser perdido: precisava subir nele a todo custo» (8). Um trem que hoje descarrilhou, mas que, na época, ninguém queria perder porque demasiado tentador era o pensamento daqueles teólogos que queriam, como estilista de vanguarda, desenhar e confeccionar uma veste à moda para a Esposa de Cristo, uma veste nova e com ela uma linguagem à la page. Os inovadores eram tão voluntariosos e arrogantes de suas ideias que colocaram em dúvida até mesmo o poder do Papa. Foi assim que adquiriram um poder totalmente extraordinário e doutrinariamente injustificado as Conferências episcopais, que nasceram os conselhos pastorais, as assembleias paroquiais…
O livro de Gnocchi e Palmaro oferece também uma interessante análise sobre o poder que a mídia teve dentro da Assembleia conciliar: foi ela, além dos teólogos modernistas, a ter influência sobre aqueles bispos que não eram nem progressistas, nem fortemente ligados à Tradição. Assim ocorreu que padre Antoine Wenger do «La Croix», Raniero La Valle do «Avvenire d'Italia», Henri Fesquet do «Le Monde», don René Laurentin do «Le Figaro», o redentorista americano Francis X. Murphy do «New Yorker Magazine» e outros tiveram influência nas decisões conciliares. E foi assim que no Concilio não se falou dos problemas e dos erros do mundo (por exemplo, o comunismo, o indiferentismo religioso, a secularização ou o modernismo na Igreja), mas de como a Igreja poderia aproximar os i «distantes», como poderia escancarar a própria porta ao mundo... e a imprudência foi imensa, visto que a fumaça de Satanás (como o definiu Paulo VI em 1972) pôde entrar por ela com toda sua virulência. 

De outro lado, os êxitos do Concilio foram objetivamente vistos pelos vencedores daquela Assembleia conciliar: «De algum modo, contribuímos com a nossa ação precedente também ao êxito do Concilio», deixa escrito o «partisão» (9), Giuseppe Dossetti, «Pôde-se fazer alguma coisa no Concílio em função de uma experiência histórica vivida no mundo político, até mesmo de um ponto de vista técnico de uma assembleia que de alguma forma fez a diferença. Porque no momento decisivo justamente minha experiência com assembleias […] reverteu a sorte do próprio Concilio» (10). Diante dessas declarações não se pode restar indiferentes. Mas foi dai que tomaram a iniciativa personagens como Enzo Bianchi, que fundo a Comunidade de Bose [Itália, NdTª] em 8 de dezembro de 1965, coincidentemente, o dia do encerramento do Concilio. No entanto, a realidade ecumênica de Bose, que ultrapassou as mais róseas esperanças dos primeiros missionários protestantes dos quais falamos, não obstante o amplo sucesso mediático, até hoje não tem nenhum reconhecimento eclesiástico. O fato de que a comunidade do "profeta" Bianchi «não possa ser contemplada com uma estrutura dentro da Igreja significa apenas que a estrutura desta Igreja tem que mudar: demasiado hierárquica, costantiniana, fundada sobre o poder, velha» (11).
O leitor verá desenrolarem-se, página após página, as razões de uma problemática conciliar clara e evidente, tão simples que, se o católico é seriamente intencionado em compreender a realidade dos fatos, não poderá que chegar a uma convicção tão crua quanto amarga: a Igreja foi enganada e, então, como disse Paulo VI, o Papa que viu a desgraça, mas não a parou: «Acreditava-se que depois do Concilio viria uma jornada de sol para a história da Igreja. Veio, ao invés disso, uma jornada de nuvens, de tempestade, de escuridão, de busca, de incerteza» (29 junho 1972). Todavia, a Esposa de Cristo encontrará a força de despertar do longo letargo causado pelo sonífero conciliar e a despertá-la serão os que não usam a Igreja para os próprios fins, sejam esses materiais ou ideológicos, mas os que a amam verdadeiramente, perdidamente, prontos até a perder a si mesmo por Ela.



Cristina Siccardi


Notas
1. A. Gnocchi - M. Palmaro,
A Bela adormecida. Porque depois do Vaticano II a Igreja entrou em crise. Porque despertará, Vallecchi, Florença, 2011, p. 15.
2. B. Ghereradini, Concílio Ecumenico Vaticano II. Um discurso a ser feito, Casa Mariana Editora, Frigento 2009. B. Gherardini, Concilio Vaticano II. O discurso que faltou, Lindau, Torino 2011.
3. R. de Mattei, O Concilio Vaticano II. Uma história nunca escrita, Lindau, Torino 2010.
4. "A verdade é que este particular Concilio [Vaticano II] não definiu dogma algum, e deliberadamente escolheu permanecer em um nível modesto, como um concilio meramente pastoral; no entanto, muitos o consideram quase fosse um super-dogma, que priva de significado todos os outros concílios" (Cardeal Joseph Ratzinger, Santiago do Chile, 1988).
5. A. Gnocchi - M. Palmaro, op. cit., p. 16-17.
6. A. Gnocchi - M. Palmaro, op. cit., p. 20.
7. A. Gnocchi - M. Palmaro, op. cit., pp. 30-31.
8. A. Gnocchi - M. Palmaro, op. cit., p. 57.
9. A. Gnocchi - M. Palmaro, op. cit., p. 109.
10. A. Gnocchi - M. Palmaro, op. cit., p. 110.
11. A. Gnocchi - M. Palmaro, op. cit., pp. 120-121. 



A. Gnocchi - M. Palmaro, A Bela adormecida. Porque depois do Vaticano II a Igreja entrou em crise. Porque despertará, Vallecchi, Florença, 2011, pp. 243, € 12,50.


Fonte: NON POSSUMUS 06/10/11 
Tradução: Giulia d'Amore di Ugento

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